terça-feira, 7 de julho de 2015

da poesia.



Descobri há pouco porque escrevo sobre nada,
invento palavras e varios do dizer
me exalto com o excesso das coisas mundanas

que não trazem bem algum

mas é sobre elas que escrevo

sob elas que ponho todo o meu poder de poeta,

na poesia pagã do hoje.

Talvez prefira esconder os sentimentos
a submetê-los à palavra
tão pequenas,
que fazem significar o mundo.

Não um mundo qualquer,
mas o meu mundo.
Descobri que escondo o meu coração
para ninguém, jamais, roubá-lo de mim

por isso prefiro viver no mundo
em que me descubro aos poucos

até me descobrirem com versos
do tamanho do nada

para transformar as palavras
em tudo

e o meu coração
em poesia.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Acabou. E agora?


O que acontece quando o relacionamento acaba?

Digo, enquanto o romance acontece dificilmente pensamos sobre o fim. Vez ou outra, num choque de realidade imaginamos que seria possível um término, uma crise ou um tempo. Mas essa ideia passageira, quando muito longa, dura até a presença da pessoa amada e o beijo de encontro. Depois disso são só flores e sexo ao som de um bom blues no talo, no alto, no gozo.
Mas e quando todo esse mimimi chega ao fim, estamos preparadas pra isso? A resposta é um uníssono não, obviamente. Nem homem, nem mulher. O término destrói nossa perspectiva de futuro. Perdemos a fé e tudo que a envolve. Acho que é exatamente aí que nos diferenciamos dos homens. Ou pelo menos dos homens que eu conheci. Eles não tem tanta perspectiva, tanta querência e necessidade de planejar o futuro, pensar-lo, premeditá-lo. Sendo imaturidade ou falta de coragem pra encarar a vida, isso acontece. Mas enquanto isso, como fica a cabeça, o coração e o abraço de quem previu um relacionamento feliz por pelo menos mais uns meses?

Com o passar do tempo vai ficando mais fácil eliminar falsas expectativas, mas como nem sempre estamos rodeados pelo mundo palpável,aí é onde a decepção se faz morada. Por isso, sendo surpresa ou não o termino é como aquele bicho-de-pé desagradável, o acumulo do cúmulo, que um dia sai do controle e BOOM. Estamos sozinhas novamente. É estranho estarmos num lugar ao qual não pertencemos mais. O quarto e os pensamento antes eram lugar pra dois e agora? Nos transformamos em pessoas novas, com mais experiência, mais opiniões e tudo isso fica guardado na parte mais íntima de nós, a memória.

E se fossemos seres humanos capazes de não armazenar lembrança alguma, seriamos mais felizes? O fim do relacionamento é o ápice do querer esquecer a todo custo o que lateja na nossa mente. A dificuldade do fim está em discernir o tempo passado, presente e futuro. Quando o relacionamento acaba, mas o amor não, passado e presente são separados por uma linha tênue e o futuro, é protelado. Quando o namoro acaba junto com o sentimento amoroso, a história já muda, porque provavelmente as duas pessoas já não se faziam bem e o futuro se torna um tempo atraente, num presente aliviado e num passado reconhecido, bem aproveitado, vivido.

Mas assim como pra cada ação há uma reação, pra cada tipo de pessoa se constrói uma relação diferente. A essência acaba se tornando a mesma, por isso a semelhança nas situações de namoros, términos ou distâncias, porque somos seres que estamos e sempre estaremos em constante luta contra as dicotomias provocadas pelo anseio de viver. A fase de sozinhez provocada pelo fim do relacionamento nos faz refletir sobre questões como essas. Por isso nos fortalece e nos faz melhor. Mas até que percebamos isso, a gente sofre. Afinal de contas não é só na música do Caetano que amor e dor rimam. Quanto mais nos doamos, mais nos machucamos, essa previsão é velha e certeira. A questão é saber se estamos dispostos a nos permitir. Se queremos, mesmo sabendo da certeza do fim, mergulhar no universo duvidoso do outro.